quarta-feira, 11 de setembro de 2013

RELATO DE CASO DE MEDIAÇÃO: Ana Paula Henrique de Campos e Vera Maria Corrêa, Mediadoras em formação.

Quinta-feira, 9 de maio de 2013, às 9h45min, sala 405 do Foro de Pelotas, o dia estava lindo, o sol brilhava, nós mediadoras, organizando a sala para a sessão de mediação abrimos as janelas para o ambiente ficar ventilado, organizamos a mesa com balas, folhas de papel em branco, canetas, esperando as partes comparecerem para a tão esperada sessão. Os mediadores naquela dia que atuaram como observadores foram Cleber e Vanessa.
Dez horas Ana Paula faz o pregão as partes entram na sala, ambas sem advogados. Neste momento cumprimentamos as partes perguntando seus nomes, com um caloroso bom dia, e nos apresentamos, bem como os observadores e seu papel. Logo após, antes da abertura da sessão de mediação, Vera pede licença para falar no pensamento do dia,as partes concordaram em escutar, falou um trecho pequeno da poesia "A pedra no caminho", mais ou menos assim há uma pedra no caminho, um homem usa ela para esculpir, outro para descansar, outro para adornar, outro para agredir, um menino para quebrar a vidraça. A pedra é a mesma, o que muda é a atitude humana, o uso que cada um faz dela. Então convido a todos a verem este momento como a pedra e fazer dela o melhor, usar este momento pensando no melhor. Neste momento sentimos uma grande satisfação em ver a alegria nos olhos das partes, que estavam sendo muito bem recepcionadas e que era o lugar ideal para serem ouvidas e poderem dialogar entre si. A mensagem da mediadora sempre emociona as partes, e também os mediadores que ali estão, mas nós seguramos firmes a emoção, porque é igual quando vamos à missa, o padre na hora do sermão, escutamos e depois pensamos, este sermão de hoje, é para mim mesmo, é incrível o poder das palavras certas na hora certa. Realizamos então a abertura da sessão de mediação.


As partes apresentaram questões relacionadas à conclusão de um serviço contratado que não ficou como a autora desejava, de outro lado a falta de pagamento e a entrega de um controle remoto. O interesse da autora era de que a empresa que ela contratou para fazer um portão automatizado para sua garagem resolvesse os problemas pois a obra não ficou como ela solicitou. Ficaram defeitos incluindo barulhos que perturbavam os vizinhos e também o espaço para a entrada do seu veiculo não é o suficiente. O requerido quer receber o pagamento restante pelo material que comprou para a confecção do portão, este concorda com os problemas citados, mas alega que não pode corrigir os problemas devido à interferência do namorado da autora, que enquanto ele trabalhava, o senhor atrapalhava, foi então que desistiu de terminar a obra até porque estava com dificuldades pela falta de espaço insuficiente na abertura do portão, visto que teria que colocar duas colunas o que reduziria o espaço de entrada da garagem. Fizemos, neste momento, as sessões individuais, momento em que as partes falam ainda mais, pois ficam mais à vontade. O desejo de ambos é da retomada da relação e dos encaminhamentos pendentes, acertando-se e definindo-se o problema em comum. Na fase de identificação de questões foram colocadas em pauta: a possibilidade de continuidade de relação entre as partes, a devolução do controle remoto do portão, o pagamento do saldo devedor (que foi também negociado nesta sessão) e também o resgate da amizade e respeito que existia entre as partes.

Finalmente quando iniciamos a fase de resolução de questões iniciamos com aquela relacionada à possibilidade de continuidade da relação entre as partes naquele momento. O mediador então ressaltou a importância desta declaração para a construção de entendimento, que auxilia muito na retomada da comunicação entre as pessoas. Sentindo-se confirmada em sua conduta, a autora interessada propôs definirem o pagamento respeitando os valores firmados no contrato e a interrupção da obra, pois ela ira contratar outra empresa. Repassado pelos mediadores os termos do entendimento solicitando-se a confirmação, foi perguntado se restava alguma outra questão a ser esclarecida. Confirmando a satisfação de ambas as partes com o encaminhamento do encerramento da ação. Neste ato a autora que contratou o serviço do réu pagou a ele o valor por ele aceito em dinheiro, e ele devolveu também neste momento o controle do portão. Também neste momento a mediadora perguntou se havia a possibilidade de eles darem as mãos e continuarem com a amizade e respeito que tiveram e que iria permanecer, sem mágoa alguma. Os interessados referiram sua satisfação e o entendimento de que poderiam manter uma boa relação, passando-se à redação do termo que foi lido, aprovado e assinado por todos presentes, sendo encaminhado ao Juízo da Central para a necessária homologação.

Notamos que as partes vieram a sessão com uma boa disposição para o entendimento o que auxiliou a condução deste trabalho, percebemos, ainda que o restabelecimento do diálogo entre eles auxiliará na continuidade do relacionamento futuro.