quinta-feira, 26 de novembro de 2015

MEDIAÇÃO INSTITUCIONAL REAPROXIMA FUNCIONÁRIOS NO FORO DE PELOTAS, RS

A mediação já é assunto comum na prática e nas rodas de conversas dos advogados e das pessoas que procuram o Judiciário. A Resolução n.° 125 do Conselho Nacional de Justiça colocou no âmbito dos Tribunais mais uma porta para a solução de conflitos, possibilitando que as pessoas resolvessem seus problemas através do diálogo facilitado por um mediador.

De 2010 (ano da Resolução n.° 125/CNJ) para cá, muitas pessoas têm relatado que conseguiram restabelecer comunicação graças à autocomposição.

Mas, e quando o conflito surge dentro da própria casa? Seria possível que a mediação conseguisse reaproximar pessoas que trabalham dentro dos Tribunais?

Em Pelotas, no Rio Grande do Sul, terceirizados que fazem o serviço de limpeza no Foro local estavam desmotivados para o trabalho, havia discórdias internas, e, consequentemente, o serviço não estava agradando aos que frequentam as salas de audiência.

"Víamos muito desmotivados", conta Alexandra Bonow, servidora responsável pela gestão de pessoas na Direção do Foro. "As reclamações eram muitas, deles próprios, do pessoal que vem ao Foro, e até de nós, servidores. Sentimos que algo poderíamos fazer, mas escutá-los, apenas, não estava adiantando".

A oficiala escrevente resolveu, então, conversar com o Diretor do Foro, juiz Marcelo Malizia Cabral, que não hesitou em sugerir a mediação como forma de aproximar os funcionários.

"Existem muitas formas de abordar um conflito. O método tradicional seria o Diretor do Foro reunir os funcionários para dizer como seriam as regras de lá para adiante. Mas a nossa reunião foi para oferecer que eles mesmos criassem suas regras de convívio, através de uma facilitação de mediadores", lembra Malizia, que também coordena o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) de Pelotas.

"Fomos para a reunião com os mediadores, achando que teríamos uma palestra ou uma aula de boas maneiras, mas eles perguntaram como era nosso trabalho, como nos sentíamos nele, o que fazíamos além do trabalho. Isso me fez me sentir reconhecida", revelou uma funcionária, que preferiu não se identificar.

Os mediadores Marta Moro Palmeira e Henrique Alam de Mello de Souza e Silva, que conduziram os encontros, dizem que se reuniam para criar ou adaptar dinâmicas de aproximação, conforme iam evoluindo os diálogos. “[Os funcionários] souberem aproveitar ao máximo as sessões, conseguindo responder de maneira diferente ao conflito. Como efeito, melhoraram seus comportamentos, tanto no trabalho quanto nas suas relações interpessoais, as quais foram sendo cada vez mais perceptíveis por todos, conforme nos relataram”, analisa a mediadora Marta.

Os mediadores nos assemelhamos aos andaimes numa construção: nossa função é auxiliar a que haja crescimento e evolução. Quando acaba a obra, saímos de cena e deixamos o protagonismo a quem realmente importa”, compara Souza e Silva.


Os encontros, que duraram cerca de três meses, tiveram como ápice um café de confraternização, com alimentos preparados pelos próprios funcionários. Com os mediadores, o escrivão do Cartório da Direção e o juiz coordenador do CEJUSC Pelotas, mostraram que um diálogo limpo é sempre a melhor saída para um conflito.
Mediadores, Escrivão e Juiz do CEJUSC de Pelotas após o café de confraternização que encerrou a mediação institucional

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